O Behaviorismo radical ou skinneriano possui uma concepção darwinista de homem, segundo a qual:
"O comportamento do organismo como um todo é produto de três tipos de variação e seleção. O primeiro, a seleção natural, é responsável pela a evolução das espécies e, portanto pelo comportamento das espécies; O segundo tipo de variação e seleção, o condicionamento operante, através do qual as variações no comportamento do indivíduo são selecionadas pelas características do ambiente que não são suficientemente estáveis; e a cultura envolve o terceiro tipo" (Skinner, 1991, pág.106-107).
Skinner (1990 apud Costa, 2002) afirma que o processo filogenético capacita o homem a interagir com o ambiente no qual está inserido de forma mais eficaz, na medida em que o homem já nasce com uma estrutura e um repertório preparados para adquirir comportamentos que serão imprescindíveis a sua sobrevivência num ambiente tipicamente humano. É neste sentido então que Skinner afirma que “(...) todo comportamento herdado, uma vez que o organismo que se comporta é produto da seleção natural” (p. 41).
O autor cita que apesar da seleção natural ter iniciado há milhares de anos atrás, sua ação se presentifica mesmo nos dias de hoje, pois a seleção natural se constitui enquanto processo ainda em curso. Todavia, é comum considerar-se a filogênese e a seleção natural apenas como processo que atuaram no passado, havendo, assim uma supervalorização quanto ao papel da aprendizagem. Tal atitude é no mínimo incoerente; afinal, quem fornece ao homem uma estrutura e um repertório que lhe possibilita aprender é a filogenia (Costa, 2002).
b) Ontogênese
A maior parte da ontogênese é constituída pelos comportamentos operantes que são de suma importância para a adaptação do homem ao seu ambiente, na medida em que “(...) o repertório comportamental operante deve ser construído durante o tempo de uma vida” (Skinner, 1990 apud Costa, 2002). Isto possibilita uma ação mais eficaz do homem frente ao ambiente que não se encontra estável. É neste sentido que o processo de condicionamento operante corrigiu uma das limitações da filogênese, que prepara o homem para agir em um ambiente que se pareça com aquele onde ocorreu a seleção natural.
Em Ciência e Comportamento Humano, Skinner descreve o condicionamento operante da seguinte forma:
"Através do condicionamento operante, o meio ambiente modela o repertório básico com o qual mantemos o equilíbrio, andamos, praticamos esporte, manejamos instrumentos e ferramentas, falamos, escrevemos, velejamos um barco, dirigimos um automóvel ou pilotamos um avião. Uma modificação no ambiente – um novo automóvel, um novo amigo, um novo campo de interesse, um novo emprego, uma nova residência – pode nos encontrar despreparados, mas o comportamento ajusta-se rapidamente assim que adquirirmos novas respostas e deixarmos de lado as antigas" (Skinner, 1991, p. 74).
O Condicionamento operante é interpretado através do paradigma SD – R – SR , também conhecido por tríplice contingência.
Isto significa que, na presença de um estímulo específico (SD = Estímulo discriminativo) quando uma resposta (R) é emitida, esta produz uma conseqüência que retroage sobre o organismo aumentando – se for seguida por um estímulo reforçador (S+) ou diminuindo – se for seguida por um estímulo aversivo (S-), a probabilidade da emissão futura desta resposta em situações semelhantes.
O homem também é produto das práticas culturais específicas do contexto social no qual está inserido. Tais práticas tiveram origem com o desenvolvimento do comportamento verbal do homem, o que possibilitou muitos ganhos para a espécie humana.
Skinner (1984, apud Costa, 2002) define a cultura como “as contingências de reforçamento social mantidas por um grupo. Como tal, evolui de sua própria maneira, como novas práticas culturais que contribuem para a sobrevivência e elas são, por isso, perpetuadas” (Skinner, 1984, p. 221; apud Costa, 2002, p. 12-13). Segundo o autor citado, uma prática cultural possivelmente tem início quando exerce um efeito reforçador sobre um único indivíduo. Entretanto, só evolui enquanto prática cultural propriamente dita quando o efeito reforçador não mais se restringe a um único organismo, mais se estende a um grupo. Assim: “uma cultura evolui quando práticas originadas dessa forma contribuírem para o sucesso da prática do grupo em resolver seus problemas” (Skinner 1981, p. 478 apud Costa, 2002, p. 13).
SKINNER, B. F. Questões recentes na análise comportamental. Campinas, SP: Papirus, 1991.