quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Relacionamento Amoroso: breve histórico sobre as relações amorosas

Por: Carolina Maria Roma Reis, Daniela Maria Duailibe Ferreira e Milena Sarney Costa Maciel

Segundo Nogueira (2006), as mulheres nos séculos XIX e XX, eram utilizadas como “moeda” de troca, em acordos familiares. Nava (1983 apud Nogueira, 2006) afirma que o casamento poderia ser realizado entre pessoas com comportamentos e gênios completamente opostos. Geralmente eram uniões seladas ora pelo julgo de um ou outro cônjuge.
Nogueira (2006) afirma que os pais desejavam traçar o caminho de seus filhos, principalmente de suas filhas, que, segundo as teorias da época, eram incapazes de gerir sua vida sem o auxílio de um homem. Por outro lado, há uma tendência cada vez maior em se romper com arranjos matrimoniais e desafiar a autoridade paterna, em defesa do ideal romântico do casamento por amor.
Ainda segundo a mesma autora, o amor era a motivação para jovens adolescentes enfrentarem a tutela dos pais e tentar constituir uma nova família. No século XX, ele passa a ser considerado um elemento importante nas uniões matrimoniais.
De acordo com as pesquisas de Nogueira (2006), a importância do casamento para estes grupos era preservar e ampliar seu patrimônio, garantindo sua posição social e ampliando seu poder político. Sobre os casamentos consangüíneos, a autora afirma que:

"Esses casamentos, além de reforçarem o patrimônio da família e afastarem o “fantasma” da falência, permitiam a solidificação das relações, que não passavam somente por um contrato comercial entre devedor e seus credores, como um negócio de família, cuja fortuna e sangue não se dispersavam. Como os esposos, graças ao pátrio poder, possuíam a autoridade de chefes de família, administravam as heranças de suas esposas, possibilitando cada vez mais, o fortalecimento do patrimônio familiar." (p. 01).


Já nos casos de arranjos baseados entre alianças realizadas entre família importantes, temos as relações de reciprocidade sendo a maior motivação para o casamento. Segundo Oliveira (2005), por esta prática, obtinha-se a consolidação e preservação do status social de grupos pertencentes à elite. Era uma forma de reprodução social, na qual bens materiais e simbólicos circulavam entre famílias importantes e garantiam a perpetuação de seu patrimônio político e social. No caso das famílias mais simples, os arranjos matrimoniais eram menos ambiciosos, mas também podiam ser baseados em relações de reciprocidade. Os pais buscavam para suas filhas casamentos nos quais elas trariam para a família um bem, material ou imaterial, que representasse um investimento futuro no crescimento social e/ou econômico do grupo familiar. Daí pode-se supor que o rompimento de arranjos ou quaisquer outros fatores que comprometiam o futuro casamento de uma moça representava forte golpe na organização familiar. Mas entre os pobres havia uma certa flexibilidade que permitia às moças buscar o sonho dourado da felicidade ao lado de seu amado.
Conforme relata Trigo (1989), desde o século XX até as datas atuais, a escolha de um parceiro passou a ser, pelo menos na teoria, um tema livre e que tem como base o amor. A valorização do amor baseia-se na legitimidade que ele dá ao matrimônio e na estabilidade e permanência que ele adquire como construtor do espaço doméstico.A partir deste histórico podemos observar que, há décadas, a escolha de um parceiro para relacionamento amoroso só é considerada legítima se ocorrer em função do “amor”, sentimento que guiaria os apaixonados para uma “escolha mais acertada”, que lhes traria felicidade. Nesta perspectiva, o “amor” é visto como um sentimento autônomo, que surge à revelia dos apaixonados, de forma independente das relações que o indivíduo estabelece com seu ambiente no decorrer de sua história de vida. Entretanto, esta visão de amor é incompatível com a proposta skinneriana, que não considera sentimentos como causa de comportamentos, explicando ambos (sentimentos e comportamentos) como resultantes da interação que o indivíduo estabelece com seu ambiente filogenético (história da espécie), ontogenético (história de vida) e cultural.


REFERÊNCIAS:


NOGUEIRA, Natania A. da Silva. A família mineira: impressões e narrativas (Juiz de Fora, 1850-1920). In: Anais do III Simpósio Nacional de História Cultural: mundos da Imagem – do texto ao visual. Florianópolis, UDSC, 2006.

OLIVEIRA, Mônica Ribeiro de. Negócios de família:mercado, terra e poder na formação da cafeicultura mineira. 1780-1870. Bauru – SP: Edusc; Juiz de Fora, MG; FUNALFA, 2005.

TRIGO, Maria Helena Bueno. Amor e casamento no século XX. In. D´INCAO, Maria Helena (org.) Amor e família no Brasil – SP: Contexto, 1989, p. 88-90.

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